Notícias
Brasil registra mais de 11 mil partos resultantes de violência sexual contra meninas menores de 14 anos
No Brasil, mais de 11 mil dos partos realizados de 2020 a 2022 foram consequência de violência sexual praticada contra meninas menores de 14 anos de idade, segundo pesquisa do Centro Internacional de Equidade em Saúde, da Universidade Federal de Pelotas – UFPel, com apoio da organização Umane.
O levantamento verificou mais de 1 milhão de partos pelo Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos – Sinasc e constatou que 40% das meninas dessa faixa etária começaram a fazer o pré-natal depois dos primeiros três meses de gestação.
O estudo destaca que a porcentagem de adolescentes de até 19 anos que fizeram pré-natal no primeiro trimestre da gravidez é 30%.
A pesquisa é a primeira a cruzar a faixa etária com dados sobre o início do acompanhamento da gravidez em adolescentes. O objetivo era comparar as proporções e evidenciar que, quanto mais novas as mães, menor é o acesso a esse serviço de saúde.
Os autores que conduziram as análises sublinham as disparidades entre regiões do país. No Norte, quase metade das meninas com menos de 14 anos de idade tiveram a possibilidade de fazer o pré-natal depois de três meses grávidas. No Sudeste, a porcentagem cai para 33%.
As meninas indígenas, especialmente as do Norte e do Centro-Oeste, formam o grupo com mais casos de atrasos de pré-natal. Ao todo, 49% delas vivenciaram essa experiência, contra 34% das meninas brancas.
Em relação à escolaridade, o que se identifica é que, quanto menor o tempo de educação formal, maior a chance de o pré-natal ser adiado. Quando as meninas frequentam a escola por menos tempo do que quatro anos, tendem a ter menos acompanhamento (49%).
Outro aspecto especialmente relevante na atual conjuntura do país, como assinalam os autores do estudo, é o fato de que uma em cada sete adolescentes (14%) iniciaram o acompanhamento após 22 semanas de gestação. Quanto a este dado, dizem que serve de argumento para se debater o recente projeto de lei que visa limitar o aborto legal para vítimas de estupro até 22 de semanas de idade gestacional.
Atendimento à imprensa: ascom@ibdfam.org.br